sexta-feira, 12 de novembro de 2010


PLANTAS MEDICINAIS

Embora a maioria dos medicamentos que usamos seja elaborada sinteticamente, muitos dos seus princípios ativos vêm de plantas medicinais. A disciplina que reconhece e identifica essa origem é chamada de farmacognosia. Veja algumas dicas sobre o cultivo de plantas com propriedades medicinais, sem alterar a harmonia do seu jardim.

1 – Entre as árvores de grande porte, você pode plantar um ginkgo (ginkgo biloba), considerado um fóssil vivo. Estudos recentes mostram que as folhas do ginkgo têm propriedades cicatrizantes e reparadoras para as queimaduras da pele.





2 – Entre os arbustos medicinais, o mais popular é o aloe vera. O gel e o suco das folhas carnosas do aloe vera têm agentes que inibem a ação de microorganismos que podem produzir infecções nas feridas (propriedade antibiótica). Além disso, a planta possui propriedades antiinflamatórias.




3 – Se você tiver uma horta, não deixe de incluir algumas mudas de portulaca oleracea. Você também pode intercalar esta verdura com os vegetais rasteiros do jardim. A portulaca oleracea, cujas folhas são usadas para saladas, regula o intestino. Além disso, é diurética.





4 – Entre as espécies com flores, você pode cultivar malvas (pelargonium graveolens). Estas plantas rústicas crescem tanto no sol como à meia sombra. A infusão e as compressas de folhas de malva têm efeitos antiinflamatórios, anti-sépticos, adstringentes e anti-hemorroidais.




5 – Se você tiver uma grade ou um muro no jardim, plante uma videira entre as trepadeiras. As uvas são antioxidantes e recomendadas especialmente para evitar doenças cardiovasculares.





6 – A vinca (vinca minor), além de decorar com as suas belas flores azuis, é um excelente vasodilatador quando preparada em infusão. Por isso, ajuda a reduzir a pressão arterial. De uma variedade desta espécie são extraídos princípios ativos antineoplásicos (usados contra o câncer).
Antes de usar as plantas medicinais consulte um médico para obter informações mais detalhadas e conhecer as contra-indicações.

PLANTAS MEDICINAIS

Açai: Benefícios do Suco, Fruta e Polpa de Açaí


O Açaí (Euterpe oleracea) sempre foi uma importante fonte de alimento para as populações indígenas do Brasil e sempre foi considerada uma das plantas medicinais mais importantes da Amazônia. O açaí é tradicionalmente servido em cuias (espécie de tigela redonda indígena), e misturado com tapioca, açúcar e/ou mel. As frutas do açaí são liofilizadas (secadas) e transformadas em pó, sucos e suplementos nutricionais, vez que as propriedades energizantes e antioxidante tornaram o açaí um alimento natural muito popular fora da região da Amazônia e até mesmo da região Norte nos últimos anos.
O açaí é um arbusto perene nativo das floresta tropical Amazônica, com frutas pequenas, redondas, de cor roxa escura, com aparência semelhante a de uvas. No entanto, a semente do açaí é muito grande e ocupa a maior parte da fruta.
O açaí foi primeiramente utilizado por tribos da Amazônia para diversos fins medicinais, entre elas por possuir a capacidade de fortalecer o sistema imunológico, combater infecções, fortalecer e proteger o coração de doenças cardíacas, e até mesmo como um remédio natural para a disfunção erétil (impotência sexual). O açaí também sempre foi apreciado como um alimento energético e sua polpa era tradicionalmente usada para fazer vinho.
O açaí é um excelente tônico natural que pode ser facilmente incorporado na maioria das dietas e regimes diários de alimentação para melhorar a disposição e a resistência. No entanto, deve-se sempre comprar açai de fontes confiáveis. Como suplementação, o açai liofilizado é usado para fazer cremes, sorvetes, e sucos, além de muitas vezes ser misturado com outras frutas e alimentos antixiodantes. A fruta fresca é disponível somente em apenas em regiões de florestas tropicais, como é o caso da Amazônia, situada na região Norte do Brasil.
O açaí é freqüentemente encontrado em forma de suplemento. É considerado um dos alimentos mais nutritivos disponíveis no mercado, razão pela qual muitas pessoas que o consomem, principalmente em forma de suplemento, alegam ótimos resultados. Um estudo realizado pela Universidade Estadual da Flórida (EUA) mostrou que a fruta do açaí tem um enorme potencial para ajudar pessoas que enfrentam condições debilitadas de saúde e até mesmo pode trazer benefícios para o tratamento do câncer, vez que pode enfraquecer ou até mesmo destruir células canceríginas.
O açai inclusive é recomendado para praticantes de atividade física que não querem acumular peso, uma vez que as propriedades naturais estimulantes que estão presentes no açaí muitas vezes é até mais benéfico que a ação estimulante de bebidas como o café e outros remédios industrializados. A fruta do açaí deixará a pessoa mais fortalecida, revigorada e saciada do ponto de vista da fome, o que fará com que queime mais calorias, trabalhe por mais tempo e faça menos esforço, ao mesmo tempo que ajuda no ganho de massa muscular magra. Além disso, o açaí ajuda na eliminação de resíduos pelo corpo. Cumpre esclarecer entretanto que, para uma condição de vida saudável, deve-se levar em conta toda a dieta e prática de exercícios físicos combinados, vez que o açaí sozinho não faz milagre.

Babosa – Aloe vera


A Babosa (Aloe vera) é uma planta medicinal extremamente conhecida e utilizada no mundo inteiro. Pertence a família das Liliáceas (Liliaceae).
Usos Tradicionais: acne, amenorréia, artrite, caspa, cicatrizes, constipação, feridas, heras-venenosas, herpes, queimaduras, queimaduras de sol, lombriga, psoríase, tuberculose, úlceras.
Propriedades Medicinais: antibacteriano, antiinflamatório, antifúngico, biogênico, colagogo, demulcente, emenagogo, emoliente, hepático, laxativo, purgante, rejuvenescedor, tônico estomacal, vermífugo.
O poder da Aloe vera é extremamente incrível. Queimaduras profundas tratada com esta planta, algumas vezes conseguem evoluir para uma queimadura de menor grau em poucos dias. Durante as últimas décadas, diversos estudos foram realizados em todo o mundo a fim de se investigar diversas propriedades da Babosa, planta em formato de cacto. A indústria cosmética vê a Aloe vera como base e fitocosmético para vários produtos de beleza, tais como cremes faciais e capilares, limpadores de pele (removedor de impurezas da pele), anti-rugas, fortalecedor do couro cabeludo e desodorantes. Ajuda a combater a caspa, previne contra as rugas hidratando peles ressecadas e flácidas e, aplicada como loção após a barba, é ótimo suavizante para a pele.
Além disso, a Babosa é muito útil para o tratamento de cortes e feridas, acne, coceiras, manchas na pele, picadas de insetos, dores musculares, problemas digestivos, artrite, sinusite e asma, além do já citado combate eficiente à queimaduras, seja por fogo ou raios solares.

Os Benefícios do Óleo de Cártamo


O Cártamo (Carthamus tinctorius) é uma planta medicinal também conhecida como Açafrão-dos-Tintureiros. Pertence a família Asteraceae.
Usos Tradicionais: amenorréia, ataque apoplético, celulite, coágulos no sangue, colesterol alto, contusões, deslocamentos, febre, histeria, inflamações, perda de peso, resfriados, sarampo.
Propriedades Medicinais: analgésico, anticoagulante, antiinflamatório, antioxidante, carminativo, diaforético, diurético, emenagogo, imunoestimulante, laxante.
Os Benefícios do Óleo de Cartamo
O óleo de Cártamo possui várias propriedades e benefícios, dentre eles se destacam a aceleração na perda de gordura (principalmente na região abdominal), regularização do nível de colesterol LDL e triglicerídeos, aumento da energia e imunidade, normalização do perfil metabólico entre lipídeos e insulina, aumento da definição muscular, proteção antioxidante, auxílio ao organismo na produção de substâncias antiinflamatórias, além de prevenir o aparecimento de celulites e ser benéfico para a pele.
Um estudo recente realizado pela Ohio State University descobriu que o óleo de Cártamo pode dissolver a gordura da barriga, sem dietas que seja seguida uma dieta ou programa de exercícios físicos. O estudo também mostrou que duas colheres de sopa de óleo de Cártamo (ou o equivalente em suplementos) tomado todos os dias pode ajudar as pessoas (principalmente mulheres) perder a gordura da barriga, bem como perder mais mais gorda no geral. Os pesquisadores descobriram que o Cártamo aumenta a produção de um hormônio chamado adiponectina. Esse hormônio avisa ao corpo para usar a gordura como fonte primária de energia. Por razões que os cientistas e os pesquisadores não entendem ainda, no caso das mulheres que tomam Óleo de Cártamo, a gordura extra que se queima parece ser mais orientada para o meio do corpo. A adiponectina também ajuda o corpo a produzir menos insulina, substância que armazena carboidratos extras.
O Cártamo também é rico em ácido oleico ômega-9, que é uma gordura monoinsaturada saudável. As gorduras monoinsaturadas são boas para o corpo quando consumidas regularmente e, segundo os pesquisadores, pode cortar o risco de doenças cardíacas em até 45%. Cientistas japoneses também descobriram que o ácido oleico ômega-9 reduz a probabilidade de acidente vascular cerebral (AVC). Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, o óleo de Cártamo é capaz de diminuir rapidamente os níveis de colesterol em cerca de metade das pessoas. Outro estudo realizado na mesma universidade constatou que o ácido oléico estimula a produção do lipídio oleil-etanolamida (OEA), substância que reduz o apetite, aumenta a perda de peso e diminui a produção de LDL, o chamado “mau colesterol”.

Propriedades e Benefícios do Chá de Semente de Sucupira


A Sucupira (Pterodon pubescens Benth e Pterodon emarginatus – espécies mais comuns) é uma popular planta medicinal, também conhecida como Sucupira-Branca, Sucupira-Lisa, Faveiro, Fava-de-Sucupira, Fava-de-Santo-Inácio, Sapupira, Supupira-do-Campo, Sebepira, Sebipira, Cutiúba, Macanaíba e Paracarana. A Sucupira de nome popular inclui a espécie Pterodon polygalaeflorus, além de espécies de outras cinco famílias botânicas diferentes, como a família Bowdichia: Bowdichia nitida e a Bowdichia virgilioides (Sucupira-Preta), que apesar de terem morfologias semelhantes, possuem frutos diferentes.
Sucupira: Propriedades, Indicações e Benefícios da Sucupira
A Sucupira possui ação anticancerígina, além de ser um ótimo tônico. A planta é utilizada no combate ao excesso de ácido úrico do corpo, amigdalite, artrite, asma, blenorragia, cistos ovarianos e no útero, debilidade orgânica, dermatoses, diabetes, dor de garganta, dores espasmódicas, feridas, hemorragias, inflamações, reumatismo, sífilis e vermes.
O óleo volátil retirado da casca e das sementes, além de ser aromático, é muito utilizado no tratamento de reumatismo. Os tubérculos ou nódulos da raiz, também conhecidos como Batatas-de-Sucupira, são utilizados no controle do diabetes. Um estudo publicado também concluiu que os óleos essenciais das sementes de sucupira são úteis no combate de tumores de próstata.
Estudos comprovaram que as sementes de Sucupira da espécie Pterodon emarginatus possuem flavonóides, cumarinas, saponinas, triterpenos, esteróides e óleo essencial. No óleo da semente é encontrado elementos como o beta-cariofileno, substância química com atividade anti-inflamatória antibiótica, antioxidante, anti-carcinogênico e anestésico local, o que comprova as propriedades medicinais da Sucupira.
Curiosidades
A Sucupira (Pterodon emarginatus) é uma árvore rústica com floração azulada, ocorre no cerrado e na faixa de transição para a Mata Atlântica, nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. É uma árvore de porte médio. Sempre foi muito utilizada por tribos indígenas brasileiras, como é o caso da tribo Pataxós, incidente na região onde ocorre a Sucupira. Sua madeira é nobre e muito utilizada na fabricação de pisos e móveis. O fruto só possui uma semente.

Cogumelo-do-Sol – Agaricus blazei murill


O Cogumelo-do-Sol é uma planta medicinal também conhecida como Agaricus, Agaricus blazei, Agaricus blazei murill, Agaricus subrufescens, Agaricus sylvaticus, Agaricus brasiliensis, Agaricus rufotegulis e outros nomes. O Cogumelo-do-Sol é uma espécie de cogumelo comestível, com sabor adocicado e aroma de amêndoas. Este cogumelo também é conhecido por ser um cogumelo medicinal, por suas supostas propriedades medicinais, vez que estudos indicam que ele pode estimular o sistema imunológico.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PLANTAS ALUCINÓGENAS

EFEITOS
Os efeitos do uso de cogumelos e plantas alucinógenas, que podem ser comidos ou usados em forma de chá, variam de pessoa para pessoa e dependem do momento e do ambiente em que a droga é ingerida. De modo geral, provocam alucinações, delírios, dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia e náusea.
Alguns tipos de plantas e cogumelos podem desencadear acessos de pânico e delírios de grandeza e perseguição. Não há relatos de desenvolvimento de tolerância e indução à dependência. Também não ocorre nenhuma síndrome de abstinência com o cessar do uso.

ORIGEM
Grande número de drogas alucinógenas vem da natureza, principalmente de plantas. Estas foram descobertas na Antigüidade e os usuários, ao sentirem seus efeitos, passaram a considerá-las como "plantas divinas". Assim, até hoje, em culturas indígenas de vários países, o uso dessas plantas alucinógenas tem esse significado religioso.

ALGUNS VEGETAIS ALUCINÓGENOS
No mundo inteiro, há milhares de vegetais e cogumelos alucinógenos. Devido à riqueza natural do Brasil, boa parte dessas plantas e cogumelos é encontrada no país. Conheça as plantas alucinógenas mais utilizadas:

• Cogumelos: Ficaram famosos no México onde, desde a Antigüidade, já eram usados pelos nativos da região. No Brasil, as principais espécies de cogumelos alucinógenos são o Psilocybe cubensies e os cogumelos pertencentes ao gênero Paneoulus.

• Jurema: O vinho de jurema, preparado à base da Mimosa hostilis, é usado por índios e caboclos do interior do Brasil. A jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos seus efeitos alucinógenos.

• Mescal ou Peyot: Cacto utilizado desde tempos remotos na América Central em rituais religiosos. Produz a substância alucinógena mesclalina. Não existe no Brasil.

sábado, 6 de novembro de 2010

Plantas Tóxicas

Algumas das plantas ornamentais que temos em nossos em vasos ou jardins podem esconder perigo por trás de sua beleza, sendo denominadas tóxicas. Em algum grau, toda planta apresenta alguma toxicidade, mas a denominação plantas tóxicas se aplica àquelas cuja ingestão ou contato provoca sintomas de intoxicação. Os princípios ativos são o que determinam a ação tóxica da planta.
O ideal é não permitir que seu animal tenha contato com qualquer uma destas plantas, evitando que haja ingestão e conseqüente toxicidade. Os filhotes de cães são os mais suscetíveis à toxicidade causada por ingestão de plantas tóxicas devido a curiosidade e hábitos de brincadeira.Caso seu animal tenha ingerido alguma destas plantas encaminhe-o imediatamente a um médico veterinário para que receba o tratamento e orientação adequados, caso necessário.

Plantas que afetam a orofaringe

Alocasia sp. (Orelha de Elefante)

Anthurium sp. (Antúrio)

Caladium bicolor (Tinhorão)

Dieffenbachia spp. (Comigo-ninguém-pode)

Monstera deliciosa (Costela de Adão)

Philodendron selloum (Banana de Macaco)

Philodendron sp. (Filodendro)

Sanseviera trifasciata (Espada-de-São Jorge)

Scindapsus aureus (Jibóia)

Spathiphyllum spp (Lírio-da-paz)

Zantedeschia aethiopica (Copo-de-leite)

Plantas que afetam o tubo digestivo

Allamanda cathartica (Alamanda)

Abrus precatorius (Olho-de-cabra)

Buxus sempervirens (Buxinho)

Hedera helix (Hera)

Ricinus communis – sementes (Mamona)

Plantas que causam distúrbio no sistema nervoso central

Datura suaveolens (Saia Branca)

Hydrangea macrophylla (Hortência)

Ipomoea cairica (Ipoméia, corriola)

Ipomoea hederifolia (Ipoméia, jitirama)

Ipomoea purpúrea (Campainha)

Nepeta cataria (Cat Nip)

Nicotiana tabacum (Tabaco)

Palicourea marcgravii (Erva-de-rato)

Ricinus communis – folhas (Mamona)

Solanum fastigiatum (Jurubeba)

Solanum nigrum (Maria-pretinha)

Solanum sisymbriifolium (Mata-cavalo)

Plantas que afetam o funcionamento cardíaco

Allamanda blanchetti (Alamanda Roxa)

Asclepias curassavica (Falsa erva-de-rato)

Nerium oleander (Espirradeira)

Rhododendron sp. (Azaléia)

Thevetia peruviana (Chapéu de Napoleão)








sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Plantas Tóxicas: Erva-de-Rato


Nome científico: Palicourea marcgravii A. St. Hil.

Nomes populares: erva-de-rato, café-bravo, cotó-cotó, tangará-açu

Arbusto ca. 2m de altura, ramos secundários cilíndricos, os terminais compridos, angulosos, delgados, de cor vermelha escura ao secar, glabros ou levemente pubescentes na parte superior, estípulas agudas, triangulares, soldadas na base. Folhas curto-pecioladas, pubescentes quando novas, opostas, oblongas, longamente acuminadas na parte superior. Inflorescências em panícula, com flores tubulosas amareladas na base e azul-arroxeadas na parte superior. Frutos bagas biloculares de início avermelhados e depois arroxeados.

A P. marcgravii (Figura 13) é nativa do Brasil, ocorrendo em praticamente todo o país. O fruto era antigamente empregado para matar ratos, daí seu nome popular erva-de-rato. Algumas plantas da família Apocynaceae e Asclepiadaceae, e até mesmo outras espécies de Rubiaceae recebem este mesmo nome popular e, devido a isto, P. marcgravii St. Hill. é muitas vezes referida como "erva-de-rato verdadeira".

A espécie é a maior causadora de envenenamentos do gado brasileiro, o que lhe confere certa importância econômica. Vários estudos foram realizados com o objetivo de elucidar o mecanismo toxicológico desta planta. Por muito tempo houve um empasse no esclarecimento do princípio tóxico. A toxicidade foi primeiramente atribuída à grande quantidade de cafeína presente nas folhas. Porém, em 1989 Eckschmidt et al. publicaram um trabalho demonstrando que a toxidez da planta é resultado da ação do ácido monofluoracético presente nas folhas e principalmente nos frutos.

A intoxicação é caracterizada por sinais neurotóxicos como depressão, descoordenação motora, crises convulsivas e morte. Os sinais neurotóxicos, segundo Eckschmidt et al (1989), são conseqüências da ação do fluoricitrato, metabólito dos fluoracetatos. Esse metabólito inibe duas importantes enzimas do ciclo de Krebs: a aconitase, que catalisa o metabolismo do citrato, e a succinato desidrogenase, que catalisa o metabolismo do succinato. A inibição destas duas enzimas e a subseqüente formação do bloqueio do citrato no ciclo de Krebs, leva a uma diminuição do metabolismo da glicose, do armazenamento de energia e da respiração celular. Os órgãos que apresentam altas taxas metabólicas como o coração, os rins e o cérebro, são os mais suscetíveis aos efeitos tóxicos do fluoricitrato (Ellenhorn & Barceloux, 1988).

A intoxicação, apesar de muito descrita em animais, é rara em seres humanos. No Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto ocorreu apenas um caso, que foi decorrente de uma tentativa de suicídio. Os sintomas apresentados pelo paciente foram sialorréia, cefaléia, vômitos, tosse, dispnéia, sibilos, diplopia muscular, confusão mental e agitação. Estes sintomas estão de acordo com os descritos na literatura para intoxicações humanas. Ellenhorn & Barceloux (1988) e Schvartsman (1979) descrevem sintomas gastrintestinais como náuseas, vômitos e dores abdominais após um período latente de 30 a 150 minutos depois da ingestão. Subseqüentemente observa-se ansiedade, agitação, espasmo muscular, crises convulsivas e coma. Taquicardia e hipotensão são sinais cardiovasculares comuns.

Plantas Tóxicas: Buchinha

Nome científico: Luffa operculata Cogn.
Família botânica: Cucurbitaceae
Outros nomes populares: buchinha-do-norte, buchinha-paulista, cabacinha.
Sinonímia botânica: Cucumis sepium G.V.W. Mey, Luffa purgans M., Mormodica operculata L., M. purgans M., M. quinquefida Hk. E Arn., Poppya operculata Roem.

Trepadeira de caule 5-anguloso, gavinhas simples ou bífidas, compridas e vilosas. Folhas longo-pecioladas, cordiformes ou reniformes, angulosas ou lobadas (3-5 lobos), um pouco ásperas. Flores amarelas, campanuladas, pequenas, axilares. Frutos ovóides, moles, pequenos, ásperos e com pequenas nervuras ou saliências espinescentes e seriados. Sementes compridas, lisas, com as margens regulares, sem alas.

A buchinha é originária da América do Sul, e nativa no Brasil. A aspiração do infuso aquoso dos frutos há muito tempo tem sido utilizada empiricamente contra a sinusite. Porém, existem muitos relatos da ocorrência de hemorragias nasais após estas aspirações, resguardando seu uso. Entretanto, não foi da utilização desta planta no tratamento da sinusite que resultaram as intoxicações atendidas no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Neste, todas as ocorrências relacionadas à buchinha tiveram como vítimas mulheres, entre 16 e 25 anos, que ingeriram quantidades variáveis de chás preparados com os frutos, na tentativa de causar aborto; um caso de óbito foi registrado. São poucos os relatos na literatura referentes a intoxicações por esta espécie. Os que existem fazem alusões a intoxicações experimentais em animais. O mecanismo de ação do vegetal não está esclarecido e ainda existem dúvidas sobre o princípio causador do quadro toxicológico. Das espécies Luffa acutangula Roxb., L. cylindrica (L.) Roem. e L. aegyptiaca Mill. foram isoladas glicoproteínas com ações inibidoras da síntese protéica, embriotóxicas e abortivas, propriedades estas demonstradas em animais de laboratório (Ngai et al. 1992a, 1992b e 1993 apud Schenkel et al., 2001). Da espécie L. operculata propriamente dita, não há experimentos específicos com o objetivo de elucidar a ação abortiva do fruto. O trabalho mais significante foi realizado por Matos & Gottlieb em 1967. Neste, os autores isolaram do extrato aquoso do fruto um princípio amargo denominado isocucurbitacina B. As cucurbitacinas são esteróides resultantes da oxidação de triterpenos tetracíclicos e estão largamente distribuídas na família Cucurbitaceae. Para estas substâncias as atividades biológicas descritas na literatura são ações descongestionantes, laxativas, hemolíticas, embriotóxicas e abortivas. Recentemente trabalhos sobre o efeito necrótico destas substâncias em tumores estão sendo publicados. Assim, em virtude da série de relatos confirmando a toxicidade das cucurbitacinas, admite-se que a isocucurbitacina B seja o princípio tóxico de L. operculata.

Em todos os casos, os sintomas apareceram cerca de 24 horas após a ingestão do chá. Náuseas, vômitos, dores abdominais e dores de cabeça são os sintomas primários, subseqüentemente advêm hemorragias, podendo ocorrer o coma e a morte. Para o tratamento são recomendados apenas a administração de carvão ativado, e tratamento sintomático para distúrbios gastrintestinais.